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Presbitério da Igreja de São Gonçalo
Pontos do roteiro
Altar 1
Altar
Ambão 5
Ambão
Cadeira 1
Cadeira presidencial

Resultado de um estreito trabalho de comunhão, reflexão, diálogo, compromisso e sinodalidade, entre distintas instituições, artes e ofícios, contribuindo cada um no que lhe é específico e focados no essencial, resultou que no dia 10 de janeiro de 2022, dia litúrgico de S. Gonçalo de Amarante, se inaugurou solenemente a recuperação, restauro, reabilitação e atualização da Igreja de S. Gonçalo.

Na consciência da sua responsabilidade, a comunidade paroquial, liderou um processo cuja conceção do projecto foi bem mais longo que a própria execução dos trabalhos. Sem esquecer tratar-se de um monumento nacional e a sua vertente turística, não se perdeu o específico identitário deste espaço ao serviço da liturgia de uma comunidade vívida da sua fé cristã, a devoção popular desde tempos imemoriais e ininterrupta a S. Gonçalo e ser parte dos Caminhos de Santiago, da vertente vinda de Salamanca.

Desta feita se pretendeu valorizar o presbitério, tendo em vista quer a dinâmica do visitante, quer das orientações litúrgicas provindas do Concílio Vaticano II, em conciliação com a estrutura do espaço tridentino. Esta intervenção coloca o presbitério sob a cúpula do transepto, eixo central da igreja, marcado pela luz natural que descai pelo lanternim que encerra a cúpula, bem como das janelas laterais, sinal arquitectónico e simbólico da abertura da totalidade para o infinito. O mobiliário litúrgico apresenta um grande simbolismo religioso e foi executado por escultor renomeado em pedra mármore.

As medidas apresentadas, resultaram de um estudo in loco, assim como as distâncias e posicionamento das peças no presbitério, tendo em conta a mobilidade durante a celebração. A nova centralidade do presbitério permite definir um circuito lógico de visita à Igreja, que tem o seu início pela porta principal a ocidente, e, aquando da celebração, o altar destaca-se no presbitério pela marcação da luz natural, tendo como pano de fundo a capela mor.

Quando o sacerdote, em nome da Igreja, diz “o Senhor esteja convosco”. Logo respondemos: “Ele está no meio de nós”! Esta é a proposta que esta disposição litúrgica quer significar.

Na opção aqui feita assumiu-se as orientações de comunhão e transcendência que o espaço da igreja reclama e em cuja linha dos transeptos, que possibilita a forma de cruz, acentua maior radicalidade espacial. Esta nova disposição consegue uma real centralidade, que o é também sacramental.

A técnica escultórica e o material marmóreo claro, cuja brancura se realça e destaca, e cuja tonalidade dos veios integra com a variedade cromática do espaço, concilia com a escadaria para o altar-mor.

O altar remete para a última ceia e a ideia de sacrifício. A sua centralidade na Igreja é, pois, claramente perceptível a todos e transparece na reunião dos fiéis: quer como realidade visível, quer como símbolo fundamental da própria essência da Igreja; mesmo que não seja o centro geométrico do mesmo espaço. Com esta disposição consegue-se uma centralidade cristológica e sacramental, litúrgica e eclesial, cósmica e escatológica. O altar ocupa no espaço da Igreja e da liturgia uma função central, numa dinâmica de convergência e expansão; compreendendo-se como realidade que a todos congrega, tornando-nos participantes do mistério que sobre ele se celebra. Recordamos o Rito da Dedicação do Altar: “reunidos em volta do altar, aproximamo-nos de Cristo, pedra viva, e n’Ele crescemos como um templo santo”. A base que o circunda e eleva potencia à assembleia reunida o convite a sair de um espaço absolutamente controlável, pois se encontra num espaço infinito que remete para a transcendência radical de Deus.

O ambão, assumido que é o lugar para a proclamação da Palavra de Deus, concebe-se como um lugar solene, suficientemente amplo e simbolicamente elevado por dois degraus, cujo adorno é a luz: “A tua palavra é lâmpada para os meus pés, e luz para o meu caminho” (Sl 119, 105).

A cadeira presidencial não se sobrepõe aos outros lugares litúrgicos, colocada de modo harmonioso com o altar e o ambão, permite a quem preside ajudar toda a comunidade a orientar-se para os polos centrais da celebração. O equilíbrio aqui conseguido provém da consciência que o celebrante preside in persona Christi.

É Cristo, no seu amor derramado no coração do homem, tornado presente de Deus em cada Eucaristia a nossa salvação; sendo o centro da ação litúrgica, daqui reenvia cada um para o mundo a ser anunciador da palavra e do amor que salva e é fonte de vida.