O nome de Santa Luzia vem do latim e significa portadora da luz. Ela é invocada pelos fiéis como a protetora dos olhos, que são a “janela da alma”, esse canal de luz.

Santa Luzia nasceu em Siracusa (Itália) no fim do século III. Tendo ido com sua mãe em romaria ao túmulo da mártir Santa Águeda, vira-se curada da grave doença. Santa Luzia voltou para Siracusa com a certeza da vontade de Deus quanto à virgindade e quanto aos sofrimentos pelos quais passaria, tal como Santa Águeda.

Assim animada, Santa Luzia vendeu tudo, deu aos pobres, e logo foi acusada pelo jovem que a queria como esposa. Não querendo oferecer sacrifício aos falsos deuses nem quebrar o seu santo voto, ela teve que enfrentar as autoridades perseguidoras.

Consta que antes da sua morte ter-lhe-iam arrancado os seus olhos. Facto ou não, Santa Luzia é reconhecida pela vida que levou até às últimas consequências.

O senhor da cidade, quis levar à desonra a virgem cristã, mas não houve força humana que a pudesse arrastar. Firme como um monte de granito, várias juntas de bois não foram capazes de a levar (Santa Luzia é muitas vezes representada com os sobreditos bois). As chamas do fogo também se mostravam impotentes diante dela, até que por fim a espada acabou com vida tão preciosa. A decapitação de Santa Luzia deu-se no ano de 303.

A Capela de Santa Luzia (outrora Santa Rosa de Lima) localiza-se no braço do transepto, no lado da Epístola, da Igreja de S. Gonçalo de Amarante.

A constituição deste altar, dividido em dois corpos horizontais e três tramos verticais, é característica do século XVII.

Atendendo a que os retábulos atendiam a necessidades litúrgicas e estéticas de uma comunidade, eles surgiam como resposta concreta a aspetos muito particulares dessa vivência adquirindo, como é o caso concreto da Capela de Santa Luzia, um caráter narrativo ou didático.

Estes retábulos tinham como intenção principal mostrar aos fiéis representações figurativas de ciclos religiosos, apresentando múltiplos espaços com representações, quer em pintura, quer em escultura.

Neste caso, o retábulo possui uma escultura de vulto (séc. XVII) representando Santa Luzia, com os seus atributos habituais (prato com dois olhos e a palma, representando o martírio) em madeira estofada a ouro e policromada, e um conjunto de 6 pinturas representando:

– Santa Margarida (corpo inferior)

– Santa Úrsula (corpo inferior)

– Descida da Cruz (corpo superior, ao centro)

– Santo António (corpo superior)

– São Marcos (corpo superior)

– Espírito Santo (frontão)

Protegei, Senhor, o vosso povo

com a intercessão gloriosa da virgem e mártir Santa Luzia,

para que, celebrando hoje o seu martírio na terra,

contemplemos um dia o seu triunfo no Céu. Por Nosso Senhor, Jesus Cristo, vosso Filho,

que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.